Vamos falar sobre ansiedade?
Vivemos numa era caracterizada pela velocidade, flexibilidade e intensa volatilidade. Diariamente, desdobramo-nos em múltiplos papéis para responder aos também inúmeros estímulos a que continuamente estamos expostos, alternando “entre mundos” muitas vezes em questão de minutos, ou mesmo segundos.
Os desafios radicam-se nas várias dimensões que compõem a nossa vida (a nível pessoal, profissional, social, familiar), contexto favorecido por inúmeros fatores e imposições de uma economia globalizada que assenta em resultados imediatos, constantes e cada vez mais exigentes.
Neste cenário a que acrescem inúmeras incertezas e inseguranças, é comum ouvirmos muitas pessoas fazerem referência à incapacidade para responder eficazmente e em tempo útil a tudo para que são chamadas e no quanto essa realidade resulta em sentimentos de frustração e angústia e, muito frequentemente, ansiedade.
Lidar com a ansiedade implica saber o que ela significa, identificar fatores potencialmente desencadeantes, aprender a reconhecer sintomas para assim os tratar e, idealmente, prevenir a sua instalação.
O que é a ansiedade
Embora muito temida, a ansiedade é uma reação natural ao stress que todos sentimos quando algo nos preocupa, assusta ou inquieta e que pode ser descrita como uma sensação de inquietação ou nervosismo, geralmente temporária e que acaba por passar logo que o fator na origem da preocupação desaparece. Por paradoxal que possa parecer, sentir alguma ansiedade pode mesmo ser positivo, uma vez que nos motiva ou mobiliza para agir.
No entanto, quando a ansiedade é excessiva e/ou se prolonga no tempo, pode afetar significativamente o nosso funcionamento e interferir com o nosso bem-estar e vida quotidiana. Neste contexto, ela pode tornar-se um problema de saúde mental, com consequências negativas tanto para nós como para as relações que estabelecemos com os outros.
Quem pode ser afetado
A ansiedade pode afetar qualquer pessoa, seja crianças, adolescentes, adultos ou idosos. Um em cada seis portugueses tinha já um problema de ansiedade antes da pandemia e todos o experienciam de forma diferente. No entanto, independentemente da forma como os sintomas se manifestam em cada pessoa, a ansiedade pode provocar desconforto, mal-estar e sofrimento psicológico.
Como se manifesta a ansiedade
Os sintomas físicos de ansiedade podem incluir, entre outros, sensação de aperto no peito, batimento cardíaco acelerado, falta de ar, náuseas e vómitos ou dor de cabeça. Poderão também surgir sentimentos de constante preocupação, pensamentos obsessivos (p.e, recear que algo mau vai acontecer), sentir insegurança ou descontrolo (p.e, sentir que estamos a enlouquecer) e medo de falhar ou desiludir.
A ansiedade propicia o desenvolvimento de problemas de sono, dificuldades de concentração ou dificuldades em relaxar, isolarmo-nos da nossa família e amigos, evitarmos situações que consideramos difíceis ou até desenvolver outros problemas de saúde psicológica, de que são exemplo ataques de pânico ou fobias.
Sinais de alerta e gestão da ansiedade
É essencial gerir a ansiedade e prevenir que ela invada as nossas vidas. Por isso, reconhecer os fatores ou situações que a desencadeiam, identificar os pensamentos negativos face a essas situações e procurar formas alternativas de lidar com elas, pode ajudar a reduzir a ansiedade.
Algumas sugestões adicionais incluem focar a atenção em coisas que possamos controlar, partilhar as nossas preocupações com familiares e amigos, praticar um estilo de vida saudável - alimentação equilibrada, bons hábitos de sono e prática regular de exercício físico – bem como investir no autocuidado.
Quando devemos procurar ajuda?
Se a ansiedade persistir por longos períodos de tempo, se os sintomas forem demasiado intensos e persistentes, se não estivermos a conseguir gerir o nosso dia-a-dia ou se nos sentirmos a perder o controlo, devemos procurar ajuda: existem várias estratégias para reduzir e gerir a ansiedade, bem como tratamentos eficazes, baseados na evidência científica. Um profissional de psicologia pode ajudar-nos a mudar pensamentos, sentimentos e comportamentos relacionados com a ansiedade. Saiba mais em www.eusinto.me.
Autoria:
Ordem dos Psicólogos Portugueses
Apoio e edição: Multicare
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