Sono: um aliado de peso na saúde mental
A natureza e a nossa biologia desde sempre fazem o seu trabalho, dando-nos luz para estarmos ativos e escuridão
para descansar. No entanto, muitos tendem a inverter esta ordem natural, uns de forma intencional e outros
porque o ritmo frenético a que estão expostos faz com que o sono seja um luxo de difícil acesso.
Seja qual for o caso, o tempo parece ser como que “à prova de sono”, porque se por um lado alguns consideram que
dormir é uma perda de tempo, outros parecem não ter alternativa a ficarem acordados infinitas horas, em intensas
jornadas e em permanente estado de alerta para responder a múltiplas tarefas.
A importância que atribuímos à nossa saúde, bem-estar e à vida em geral pode ser um elemento decisivo na hora de
escolher entre devotar tempo ao descanso ou entrar num perigoso atalho que pode conduzir a uma redução drástica
da qualidade nossa saúde e, por isso, ajudamos a decidir.
Quantidade e qualidade do sono
Dormir o suficiente e ter um sono de qualidade é tão essencial à nossa sobrevivência como respirar, comer ou
beber. Seja qual for a nossa idade, o sono é fundamental para a nossa Saúde (física e mental). No entanto, a
maior parte das pessoas, nalgum momento da sua vida, experiencia dificuldades relacionadas com o sono.
A quantidade de sono de que precisamos varia de pessoa para pessoa e conforme a idade. Por motivos diferentes
(por exemplo, porque andamos preocupados com dinheiro ou com a família, porque trabalhamos muitas horas ou
porque temos filhos pequenos) é frequente não dormirmos o número de horas de que precisamos (e com a qualidade
desejável).
Quando isso acontece, para além de cansaço e exaustão, podemos sentir-nos mais mal-humorados e/ou
irritáveis. Podemos ter dificuldade em lidar com o stress do dia-a-dia, ter falhas de memória e tomar decisões
pode tornar-se mais difícil. O risco de desenvolvermos problemas de saúde física e/ou mental aumenta.
O que fazer para melhorar o nosso sono
As dificuldades e problemas relacionados com o sono envolvem aspetos fisiológicos, mas também os nossos
pensamentos e comportamentos. São precisamente estes os aspetos que podemos alterar para melhorar a quantidade e
a qualidade do sono e para prevenirmos dificuldades.
Por exemplo, 30 a 60 minutos antes de dormir devemos começar a preparação para o sono ou higiene do sono, que
pode incluir desligar os ecrãs (televisão, telemóvel, computador); evitar conversas, leituras ou atividades que
nos possam causar stress e ansiedade; evitar olhar para o relógio ou calcular o número de horas que (ainda)
podemos dormir. Durante o dia, todos os dias, devemos procurar sair de casa: mesmo que sejam apenas 10 minutos,
a luz natural ajuda a regular os nossos ritmos de sono e, claro, não esquecer de fazer atividade física.
Como parar o discurso negativo sobre o nosso sono
Há ideias que pensamos sobre o nosso sono que não nos vão ajudar a dormir tais como: exemplo, “Nunca mais vou
conseguir dormir” ou “Se não dormir 7h por noite não consigo funcionar”. Quando questionamos estes pensamentos,
podemos descobrir uma forma mais realista e positiva de pensar sobre o nosso sono.
Por exemplo, em vez de pensarmos “Isto é a mesma coisa todas as noites, mais uma noite miserável sem dormir”,
podemos pensar “Nem todas as noites são iguais. Há noites em que consigo dormir melhor do que noutras”. Ou, em
vez de pensarmos “Se não conseguir dormir, amanhã não vou ser capaz de trabalhar”, podemos pensar “Posso não
dormir, mas pelo menos descanso. Mesmo cansado, vou conseguir trabalhar amanhã”.
Existem ainda períodos da nossa vida em que temos um bebé, cuidamos de netos ou estamos a lidar com
acontecimentos particularmente stressantes. Nessas fases, é provável que tenhamos que nos adaptar à situação e
que o nosso sono seja afetado. Precisamos de ser resilientes e comunicar as nossas necessidades, procurando,
junto da nossa rede de apoio, arranjar estratégias para podermos dormir melhor.
Procure ajuda. Um profissional de psicologia pode ajudar-nos a dormir melhor, melhorando os nossos pensamentos e
comportamentos relativamente ao sono. Saiba mais em www.eusinto.me.
Autoria:
Ordem dos Psicólogos Portugueses
Apoio e edição: Multicare
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