Quais os reais benefícios das apps de saúde mental?
De entre os inúmeros problemas de saúde mental que podem surgir, a depressão e ansiedade são os mais frequentes, tendo aumentado expressivamente desde o início da pandemia COVID-19. Hoje, cerca de mil milhões de pessoas vivem com um problema de saúde psicológica. Em Portugal,
uma em cada quatro pessoas tem um problema relacionado com saúde mental
e o consumo de ansiolíticos e antidepressivos é um dos mais elevados da Europa.
É neste cenário que a saúde mental aparece como um tópico de grande importância, debate e abordagem e algum caminho tem sido percorrido na desconstrução do estigma que lhe está associado. A sociedade começou, finalmente, a reconhecer a necessidade de uma boa saúde psicológica como catalisador do bem-estar e qualidade de vida, a identificar os sinais das dificuldades e problemas mais frequentes (por exemplo, ansiedade e depressão) e a dedicar mais atenção à prevenção e à promoção da saúde mental, nomeadamente pelo incentivo à
prática do autocuidado.
Estes são aspetos que podem facilitar a procura de ajuda e o diagnóstico precoce, mas, infelizmente,
a maioria das pessoas não consegue aceder aos serviços de Saúde Mental de que necessita.
As novas tecnologias surgem como formas muito populares e convenientes enquanto coadjuvantes na promoção do bem-estar e saúde mental. Para que a sua utilização seja criteriosa e benéfica, eis algumas questões habitualmente colocadas.
Quais as vantagens das apps de saúde mental?
A maior vantagem prende-se com a possibilidade de acesso a serviços relacionados com a promoção de saúde mental e bem-estar,
numa ótica complementar/coadjuvante. Para além de tendencialmente gratuitas, as apps de saúde mental têm um formato apelativo e podem ser usadas, de forma anónima, em qualquer momento e lugar. Por isso, cada vez mais pessoas as utilizam nos seus dispositivos móveis, nomeadamente faixas etárias mais jovens e com forte apetência para este tipo de oferta. Para além disso, algumas destas apps poderão ser veículos de promoção da literacia e de autocuidado, essenciais para adquirir informação e desconstruir o estigma.
Quem pode beneficiar do uso regular deste tipo de apps?
A resposta será “todos”, muito embora, tipicamente, as apps sejam procuradas sobretudo por camadas mais novas da população, com apetência para soluções tecnológicas à distância e que procuram informação validada e baseada em evidência científica, de baixo custo ou mesmo gratuitas.
Que cuidados devemos ter com a utilização das Apps de saúde mental?
Tal como em qualquer solução digital, os utilizadores devem ter consciência que a internet apresenta riscos: phishing, obtenção ilícita de dados e outras situações indesejáveis são motivos fortes para que os utilizadores possuam competências de cibersegurança que salvaguardem a segurança e privacidade. Por tal,
a utilização de apps de Saúde Psicológica deve ser tão criteriosa quanto possível, privilegiando estes aspetos sobre o fator estético.
Que app(s) devemos escolher?
A escolha da app é algo de muito pessoal e depende do que é pretendido pelo utilizador: programas de sono, gestão de stress e ansiedade, etc. No entanto, para além deste aspeto particular, deverá haver a preocupação em selecionar uma solução que apresente evidência científica quanto à sua eficácia. Tendo em conta que a aproximação tecnológica à saúde mental é relativamente recente, a investigação neste domínio é também escassa e circunscrita a um número limitado de opções. Assim, uma vez mais, é vantajoso que a escolha recaia sobre a oferta recomendada por entidades idóneas, organizações que tratam este assunto de forma manifestamente responsável, científica e que salvaguardem todos os aspetos éticos e de saúde aqui envolvidos.
Uma app dispensa o recurso a cuidados de saúde mental?
A resposta é um perentório Não, sobretudo se perante uma perturbação de saúde mental potencial e/ou instalada. Sendo aplicações muito populares e convenientes, as apps são
coadjuvantes para a promoção da saúde e bem-estar, formas atrativas para aquisição de literacia e de incentivo ao autocuidado, porém não substitutas de intervenção psicológica, quando necessária. Para a ciência psicológica, cada pessoa é única e vivencia determinado problema também de forma muito particular, o que significa que qualquer intervenção leva sempre em conta este aspeto, algo que não é possível de ser replicado por soluções digitais uma vez que as mesmas são, por definição, padronizadas.
As apps podem ser prejudiciais para a saúde mental?
Numa analogia quotidiana, um automóvel é concebido para transporte de passageiros e não para provocar acidentes. No entanto, dependendo do/a condutor/a, da existência prévia de habilitação para conduzir e dos cuidados que observa, pode ou não haver acidentes. As apps são soluções construídas visando benefícios para os utilizadores e, no caso concreto de soluções para a saúde mental, não será exceção. Todavia, o utilizador deve estar atento não só aos aspetos da segurança como também - muito importante -, ao conteúdo. Soluções “milagrosas”, rápidas, que prometem o que não é possível ou razoável e que desincentivam da procura de cuidados adequados, quando estes se mostram necessários, devem merecer o nosso ceticismo porque o efeito pode ser paradoxal face ao pretendido ou mesmo nocivo.
Autoria: Ordem dos Psicólogos Portugueses
Apoio e edição: Multicare
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