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É Portugal um país envelhecido?

​​O que é o envelhecimento 
Sob a perspetiva biológica, o envelhecimento é um declínio da função dos tecidos por morte celular e/ou diminuição da sua renovação. Um indivíduo idoso é aquele que se aproxima ou ultrapassa a idade média de vida do ser humano, estando em final de ciclo de vida. Nos países desenvolvidos, é usado o conceito cronológico e a OMS considera que somos idosos quando temos mais de 65 anos. 

Talvez pela sua imprevisibilidade, o envelhecimento tende a ser encarado com algum receio. Não tem de ser assim, mas é útil saber o que podemos esperar nesta fase da vida a qual, inevitavelmente, chega a todos. 

Os números do envelhecimento em Portugal e no mundo 
O censo de 2021 mostrou que, em Portugal, naquele período, havia 2 423 639 indivíduos com idade superior a 65 anos que perfaziam assim mais de 20% da população, equivalentes a cerca de 182 idosos por cada 100 jovens (mais 54 por cada 100 face a 2011). 

A pirâmide populacional portuguesa é já bastante envelhecida prevendo-se, por essa razão, um significativo decréscimo do índice de sustentabilidade (indivíduos em idade ativa / idoso) nos próximos 30 anos. O envelhecimento da população portuguesa acompanha a tendência que se verifica na Europa, o que reflete não só a melhoria das condições de vida como também dos cuidados de saúde. 

No que se refere à esperança de vida adicional aos 65 anos, em Portugal, a mesma situava-se nos 19,3 anos em 2022, apesar do impacto negativo da pandemia a COVID19. Sendo extremamente positivos, estes dados geram, contudo, novos desafios às sociedades, nomeadamente pelo facto de a população idosa ter necessidades específicas para as quais poderemos não estar inteiramente preparados, desde logo em duas vertentes: por um lado, a diminuição de jovens em idade produtiva, com inevitáveis consequências económicas e de sustentabilidade da segurança social e, por outro, os cuidados de saúde e equipamentos específicos de suporte de que a população idosa, mais frágil e suscetível, irá necessitar (não só complexos como extremamente onerosos). 

Assim, se não formos capazes de prevenir as doenças neurodegenerativas e diminuir a sua incidência e prevalência, os números poderão disparar e teremos, seguramente, um verdadeiro problema de saúde pública. 

O que acontece quando envelhecemos 
O envelhecimento acarreta maior fragilidade. Os nossos órgãos não conseguem regenerar ou reparar da mesma forma, o que aumenta a suscetibilidade à doença e diminui a nossa capacidade funcional. Isso torna-se evidente a vários níveis: na diminuição da visão, da audição, na perda de força muscular e no aumento de tempo de reação do nosso cérebro.

O envelhecimento cerebral acompanha o do corpo, sendo que o cérebro humano perde sobretudo velocidade, além de uma menor capacidade de interação com o meio que o rodeia, dificuldade agravada pela diminuição da audição, visão e robustez motora. 

É comum haver uma certa diminuição da atenção, lentificação do pensamento, menor capacidade de evocação, acentuação de traços de personalidade e alguma "rigidez mental" embora, ao contrário do que acontece na doença, os défices de memória tendem a não ser progressivos (Petersen 1992 - age-associated mental illness)

Contudo, o aspeto mais relevante do envelhecimento cerebral é o aumento do risco de doença, em particular de doenças neurodegenerativas. 

Idade avançada ou doença: distinguir é essencial 
À medida que a idade avança, torna-se necessário distinguir estes dois aspetos, ou seja, 1. o que é a normal perda de capacidades associadas ao envelhecimento e 2. o que é doença

Um dos maiores receios que o envelhecimento acarreta é o medo de ter deterioração cognitiva, demência e de ficar dependente de terceiros. A prevenção, tal como em todos os domínios da vida e saúde, é claramente a medida mais eficaz. Contudo, o diagnóstico precoce é igualmente fundamental, não só para iniciar medidas terapêuticas como também para atrasar a incapacidade e colocar em marcha medidas de prevenção e de antecipação dos problemas que possam estar no caminho do doente e da sua família. Neste sentido, existem atualmente soluções médicas que melhoram significativamente a qualidade de vida, mesmo perante doenças que são, na sua essência, incuráveis. 

Na dúvida, consulte o seu médico 
Consultar cedo o seu médico assume máxima importância, seja na figura do médico de família, seja na do neurologista. Na presença de queixas sugestivas de se tratar não apenas de sinais e sintomas associados ao processo normal de envelhecimento mas, sim, de uma condição mais grave como demência ou doença neurológica, procurar ajuda de um profissional é prioritário. Para além da consulta de neurologia geral existem, atualmente, consultas de memória e de movimento, bem como consultas de apoio à família que podem ajudar. ​

Autoria: Dra. Sofia Nunes Oliveira | Neurologista
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